quinta-feira, 13 de outubro de 2011

RECAPITULANDO

Me desculpem, mas acho que com esse giro de 360 graus que invadiu minha vida, narrei e postei meio desorganizado aqui. Quero usar esse espaço agora, não apenas para escrever memórias da minha visão geral de amor, vida, mundo, comportamentos e diversos temas aos quais dissertava e nos quais acredito. Quero usá-lo com o intuito de contar minha história, trocar experiências e relatar as minhas que, certamente serão muitas, ajudar quem vive esse dilema e quem mais se fizer necessário, aprender com meus amigos que tenho feito aqui e que já são bem mais experientes que eu (infelizmente e felizmente prá nós) quando o quesito é CÂNCER. Complicado isso né? Mas é paradoxo mesmo. Todos dizem que a vida muda radicalmente depois de uma notícia dessa e da luta que segue travada incansavelmente após essa corrida contra o câncer e a favor da vida.
Pois bem, a partir do dia que obtive o resultado, (não vou ser hipócrita e dizer que dei pulos de alegria), mas também não vou abordar a minha pouca experiência – ainda – de forma exclusivamente deprê, até por que tenho conseguido fazer piada com meus infortúnios, com a transformação física – e principalmente emocional, espiritual – e tenho certeza que isso contará muito na minha cura e recuperação, ver a vida com mais leveza, sem levar tão a sério coisas que não necessitam de urgência e que, pelo menos espero, são passageiras, uma fase ruim pelo acometido e boa pelo aprendizado que já percebo, é enorme. Afinal, não existe o mal que não revele um bem ou o bem que não sucumba o mal. Mas sou otimista o suficiente para pensar que tudo conspira a nosso favor, e tudo dará certo, é só uma questão de tempo.
Tenho enfrentado meus últimos dias dessas minhas “férias forçadas” navegando aqui literalmente devorando blogs e blogs, estou encantada! Tenho conhecido histórias lindas, emocionantes, com final feliz, outras nem tanto – choro, dou gargalhadas - mirando no exemplo de tantas pessoas especiais e que tiveram suas vidas transformadas após um drama tão difícil e inimaginável em nossas vidas, até acontecer com a gente. Uma coisa é evidente: o altruísmo, a força, a garra, a luta coletiva de todos envolvidos, sejam pacientes, médicos, cônjuges, filhos, pais, irmãos, amigos (aparecem aqueles que você até perdeu o contato, estão em outro Estado, país; enquanto alguns que estão “ao seu lado” nunca mais dão sinal de vida). Mas existem coisas positivas demais para nos preocuparmos com aquilo que eu disse acima – da urgência, ou seja, devemos sempre priorizar o que é importante - e já começo exercitar isso na minha vida, tenho convicção que nunca mais serei a mesma, a impressão que tenho é que, de certa forma, estou voltando a minha primeira infância, quando era apenas uma folha em branco, iniciada em sua construção, ainda sendo escrita, melhor dizendo, agora está sendo “reescrita”, mudando valores desnecessários até então arraigados, e atentando para outros até então desconhecidos (ou eu julgava desnecessários?), isto é, jogar o que não vale fora e introduzir o que realmente é relevante.
Hoje faz quinze dias que fiz a mastectomia (devo dizer que ainda está muito inchado, ainda não posso tomar banho direito, pois não pode molhar, incomoda na hora de dormir, mas tudo bem, já estou tirando de letra, até por que as etapas que ainda me esperam são bem piores. Que eu não me engane!) e amanhã tenho horário marcado com meu mastologista e meu médico cirurgião plástico, uma vez que foi colocado no mesmo procedimento um expansor, o qual será ativado, ou seja, inflado com uma substância quase todas as semanas até atingir o tamanho - ou aproximar - da outra mama saudável e intacta, para após o tratamento colocar a prótese de silicone definitiva na reconstrução total da mesma. Não posso dizer que estou alheia, a ansiedade é normal, afinal, nunca sabemos o que nos espera na avaliação e decisão dos médicos, qual o tratamento concreto a seguir, uma quimio e a rádio, ou apenas a químio; ou quem sabe, eu não precise, aham? É sonho, mas ele existe, ainda bem, pois ainda estou tentando digerir essa nova fase inédita e inimaginável da minha vida, questionando as causas, se é que tem uma, não vou mentir e dizer que está sendo fácil, mas já estou preparada para ficar careca, aliás, “eu vou estar careca”, “estou doente” e eu não vou continuar assim, vai passar e se Deus quiser retomarei minha vida como era antes, ou melhor, com toda certeza, com muito mais alegria, sensatez e vibrações positivas . Tenho aprendido aqui viver um dia de cada vez e da melhor forma possível; é meu lema agora, por que o amanhã me é demasiado incerto, a única coisa concreta é o amor que eu tenho e posso dividir assim como o amor, carinho e dedicação que tenho recebido, e olha, não tem sido pouco não! Não quero e não vou mais sofrer por antecedência, pelo que ainda não aconteceu, afinal, passei minha vida inteira agindo assim, e o que ganhei como recompensa? Uma depressão que se arrastou por nove longos anos (esta agora virou fichinha, acho até que me libertei dela, ou será que meus pensamentos estão muito ocupados ?!) e agora um câncer que vou vencer, em Nome de Jesus!
Quero a partir de agora, transformar toda atitude inconseqüente em algo que possa gerar apenas coisas edificantes prá mim, minha família e todos que precisarem de mim. Estou tendo a oportunidade de repensar minha vida, o que tenho feito dela até hoje e o que eu posso mudar. Do que vale ou não a pena. Do que pode me levar atingir o topo da montanha ou me arrastas para seu abismo profundo trazendo resultados desastrosos de sofrimento; tanto pra mim como para minha família e/ou pessoas que de alguma forma, direta ou indiretamente interajam comigo. Principalmente me dispor a lutar, auxiliar e estar sempre disposta a engajar no bem maior, que é a preocupação e a ação para que a minha vida, e a de muitos que vivem a privação e a vulnerabilidade social, sem direito a um tratamento digno; que eu possa levar uma palavra amiga, uma atenção, um conforto na hora necessária,( isso é mais fácil do que você imagina e surte um efeito ainda maior nessas vidas que, assim como eu vivem este drama), mas independente de condição social, racial, geográfica sentem as agruras do preconceito (é...existe sim!!!) do descaso, da falta de calor humano, eu posso, você pode!
Vamos lá?!
Que o amor de Deus sempre esteja conosco, assim teremos condições de amar nossos irmãos!
Amo muito vcs...bjinhos

3 comentários:

Martha Rocha Avelino disse...

Oi, Angel, estou me sentindo honrada e gratificada com o seu comentário no meu blog;isso já justifica o propósito dele que é ajudar a outras pessoas a enfrentar essa doença com mais coragem e garra.Não deixe de sonhar e lutar pela realização de seus sonhos, pois acredito que isso faz parte da nossa luta pela vida digna e plena a que temos direito.Fica com Deus. Beijos no seu coração.

Renata - mãe do Julio e da Elisa disse...

Parabéns! Sim, podemos ajudar outras pessoas por meio da nossa dor. Que nossas vidas-histórias possam servir de alguma forma como conforto ou motivação para outras. Meu Julinho começou a quimio na quinta e está super bem, graças à Deus. Força e passa lá:
http://histiocitose.blogspot.com

Bj

Angel love disse...

Obrigada minhas amadas,
oro todos os dias por todas nós, e em agrdecimento por encontrar aqui pessoas tão nobres e especiais quanto vocês.
Rê, caso queira seguir o blog, o endereço é este:
www.angellove.blogspot.com
bjus minhas lindas e ótima semana...
;)