quarta-feira, 23 de maio de 2012

NÓIAS PÓS-QUIMIOTERÁPICAS

Ultimamente tenho estado num período, digamos, de introspecção (se é que ainda tem mais espaço para essa tal). Terminei as sessões de quimioterapia e de repente me abateu uma enorme insegurança, que na verdade nem sei mesmo de onde e porquê veio. Apenas posso me defender de mim mesma e meus pensamentos saltitantes e um tanto esquizofrênicos. Definitivamente essa doença imediatista (digo isso porquê com ela é como diz o jargão: ‘tempo é dinheiro’ , no caso citado, ‘tempo é vida’) transforma nossos dias loucos no sentido de mutações, perdas, dúvidas, nóias e mais nóias... Nos deixa à beira de um abismo literalmente falando, e o medo é de não conseguirmos flutuar e afundarmos nele. O 'agora' se instala de forma avassaladora, não temos tempo e nem esperanças em meio a esse turbilhão de pensar o 'daqui um tempo, meses, anos'. Como assim? Não acabei de dizer sobre o tempo? Melhor dizendo, sobre a falta dele? Então, tenho evitado postar aqui porque quase sempre estou a espreita de pensamentos que até eu, como uma mulher de histórico depressivo vivendo os ‘finalmentes’ de um tratamento quimioterápico, me assusto, imagina seres normais e mortais! Mas acho que os sentimentos são mais ou menos afins, senão totalmente para quem vive nesse labirinto procurando uma saída, é bem por ai mesmo! Nossa mente pede uma coisa, isto é, a cabeça pensa uma coisa e seu corpo responde outra, o tempo para uns passa com uma velocidade e para gente com outra, perde-se a noção de tempo e espaço, tudo parece infinito, achamos que nunca mais iremos comer determinada coisa, ir a tal lugar, fazer outras coisas, emagrecer os tantos quilos adquiridos, arg! Tudo que na depressão já se sabia, passa a ter uma dimensão exacerbada do que realmente é. Se o marido sai, se não fica grudado (colado mesmo, tipo segurando na mão, dando beijinho e tal) é porque não está amando mais, tem outra, não está conseguindo segurar a barra... Se o filho(a) chega e não mima, o chororô é certo; se a amiga passa um dia sem ligar, ai ai ai, está com raiva, me excluiu, afff! Coisas que antes eram tão simples, tão triviais se tornam obrigatórias de nossa vontade e da escravidão de nossos pensamentos! Outra coisa, se intensifica a necessidade absurda de ficar só, acho que até como auto defesa, como proteção. Estou no meio de dezenas de pessoas e me sinto só, com algo tipo: ‘eu e eu mesma’, mas isso não significa que não sinto falta das coisas que fazia e gostava antes, de estar no meio de gente, brincar, descontrair, mas preciso agora desse tempo para me re-conhecer de novo, re-estruturar meus valores e assim re-começar uma vida do zero (ou quase), modificada e melhor. A esperança é que isso seja apenas uma fase, que por mais louca que seja, passa! Paciência e otimismo, isso tenho tentado exercitar bastante!Bora lá...

domingo, 13 de maio de 2012

INCONDICIONALMENTE MÃE

Texto longo, mas vale a pena ler, refletir, repensar em tudo que ele pode nos ensinar, especialmente no dia de hoje. "Naquela noite, enquanto minha esposa servia o jantar, eu segurei sua mão e disse: “Tenho algo importante para te dizer”. Ela se sentou e jantou sem dizer uma palavra. Pude ver sofrimento em seus olhos. De repente, eu também fiquei sem palavras. No entanto, eu tinha que dizer a ela o que estava pensando. Eu queria o divórcio. E abordei o assunto calmamente. Ela não parecia irritada pelas minhas palavras e simplesmente perguntou em voz baixa: “Por quê?” Eu evitei respondê-la, o que a deixou muito brava. Ela jogou os talheres longe e gritou “você não é homem!” Naquela noite, nós não conversamos mais. Pude ouvi-la chorando. Eu sabia que ela queria um motivo para o fim do nosso casamento. Mas eu não tinha uma resposta satisfatória para esta pergunta. O meu coração não pertencia a ela mais e sim a Jane. Eu simplesmente não a amava mais, sentia pena dela. Me sentindo muito culpado, rascunhei um acordo de divórcio, deixando para ela a casa, nosso carro e 30% das ações da minha empresa. Ela tomou o papel da minha mão e o rasgou violentamente. A mulher com quem vivi pelos últimos 10 anos se tornou uma estranha para mim. Eu fiquei com dó deste desperdício de tempo e energia mas eu não voltaria atrás do que disse, pois amava a Jane profundamente. Finalmente ela começou a chorar alto na minha frente, o que já era esperado. Eu me senti libertado enquanto ela chorava. A minha obsessão por divórcio nas últimas semanas finalmente se materializava e o fim estava mais perto agora. No dia seguinte, eu cheguei em casa tarde e a encontrei sentada na mesa escrevendo. Eu não jantei, fui direto para a cama e dormi imediatamente, pois estava cansado depois de ter passado o dia com a Jane. Quando acordei no meio da noite, ela ainda estava sentada à mesa, escrevendo. Eu a ignorei e voltei a dormir. Na manhã seguinte, ela me apresentou suas condições: ela não queria nada meu, mas pedia um mês de prazo para conceder o divórcio. Ela pediu que durante os próximos 30 dias a gente tentasse viver juntos de forma mais natural possível. As suas razões eram simples: o nosso filho faria seus exames no próximo mês e precisava de um ambiente propício para preparar-se bem, sem os problemas de ter que lidar com o rompimento de seus pais. Isso me pareceu razoável, mas ela acrescentou algo mais. Ela me lembrou do momento em que eu a carreguei para dentro da nossa casa no dia em que nos casamos e me pediu que durante os próximos 30 dias eu a carregasse para fora da casa todas as manhãs. Eu então percebi que ela estava completamente louca, mas aceitei sua proposta para não tornar meus próximos dias ainda mais intoleráveis. Eu contei para a Jane sobre o pedido da minha esposa e ela riu muito e achou a idéia totalmente absurda. “Ela pensa que impondo condições assim vai mudar alguma coisa; melhor ela encarar a situação e aceitar o divórcio” – disse Jane em tom de gozação. Minha esposa e eu não tínhamos nenhum contato físico havia muito tempo, então, quando eu a carreguei para fora da casa, no primeiro dia, foi totalmente estranho. Nosso filho nos aplaudiu dizendo “O papai está carregando a mamãe no colo!” Suas palavras me causaram constrangimento. Do quarto para a sala, da sala para a porta de entrada da casa, eu devo ter caminhado uns 10 metros carregando minha esposa no colo. Ela fechou os olhos e disse baixinho “Não conte para o nosso filho sobre o divórcio” Eu balancei a cabeça mesmo discordando e então a coloquei no chão assim que atravessamos a porta de entrada da casa. Ela foi pegar o ônibus para o trabalho e eu dirigi para o escritório. No segundo dia, foi mais fácil para nós dois. Ela se apoiou no meu peito, eu senti o cheiro do perfume que ela usava. Eu então percebi que há muito tempo não prestava atenção a essa mulher. Ela certamente tinha envelhecido nestes últimos 10 anos, havia rugas no seu rosto, seu cabelo estava ficando fino e grisalho. O nosso casamento teve muito impacto nela. Por uns segundos, cheguei a pensar no que havia feito para ela estar neste estado. No quarto dia, quando eu a levantei, senti uma certa intimidade maior com o corpo dela. Esta mulher havia dedicado 10 anos da vida dela a mim. No quinto dia, a mesma coisa. Eu não disse nada a Jane, mas ficava a cada dia mais fácil carregá-la do nosso quarto à porta da casa. Talvez meus músculos estejam mais firmes com o exercício, pensei. Certa manhã, ela estava tentando escolher um vestido. Ela experimentou uma série deles, mas não conseguia achar um que servisse. Com um suspiro, ela disse “Todos os meus vestidos estão grandes para mim”. Eu então percebi que ela realmente havia emagrecido bastante, daí a facilidade em carregá-la nos últimos dias. A realidade caiu sobre mim com uma ponta de remorso… ela carrega tanta dor e tristeza em seu coração….. Instintivamente, eu estiquei o braço e toquei seus cabelos. Nosso filho entrou no quarto neste momento e disse “Pai, está na hora de você carregar a mamãe”. Para ele, ver seu pai carregando sua mãe todas as manhãs tornou-se parte da rotina da casa. Minha esposa abraçou nosso filho e o segurou em seus braços por alguns longos segundos. Eu tive que sair de perto, temendo mudar de idéia agora que estava tão perto do meu objetivo. Em seguida, eu a carreguei em meus braços, do quarto para a sala, da sala para a porta de entrada da casa. Sua mão repousava em meu pescoço. Eu a segurei firme contra o meu corpo. Lembrei-me do dia do nosso casamento. Mas o seu corpo tão magro me deixou triste. No último dia, quando eu a segurei em meus braços, por algum motivo não conseguia mover minhas pernas. Nosso filho já tinha ido para a escola e eu me vi pronunciando estas palavras: “Eu não percebi o quanto perdemos a nossa intimidade com o tempo”. Eu não consegui dirigir para o trabalho… fui até o meu novo futuro endereço, saí do carro apressadamente, com medo de mudar de idéia… Subi as escadas e bati na porta do quarto. A Jane abriu a porta e eu disse a ela “Desculpe, Jane. Eu não quero mais me divorciar”. Ela olhou para mim sem acreditar e tocou na minha testa “Você está com febre?” Eu tirei sua mão da minha testa e repeti.” Desculpe, Jane. Eu não vou me divorciar. Meu casamento ficou chato porque nós não soubemos valorizar os pequenos detalhes da nossa vida e não por falta de amor. Agora eu percebi que desde o dia em que carreguei minha esposa no dia do nosso casamento para nossa casa, eu devo segurá-la até que a morte nos separe”. A Jane então percebeu que era sério. Me deu um tapa no rosto, bateu a porta na minha cara e pude ouvi-la chorando compulsivamente. Eu voltei para o carro e fui trabalhar. Na loja de flores, no caminho de volta para casa, eu comprei um buquê de rosas para minha esposa. A atendente me perguntou o que eu gostaria de escrever no cartão. Eu sorri e escrevi: “Eu te carregarei em meus braços todas as manhãs até que a morte nos separe”. Naquela noite, quando cheguei em casa, com um buquê de flores na mão e um grande sorriso no rosto, fui direto para o nosso quarto onde encontrei minha esposa deitada na cama – morta. Minha esposa estava com câncer e vinha se tratando a vários meses, mas eu estava muito ocupado com a Jane para perceber que havia algo errado com ela. Ela sabia que morreria em breve e quis poupar nosso filho dos efeitos de um divórcio – e prolongou a nossa vida juntos proporcionando ao nosso filho a imagem de nós dois juntos toda manhã. Pelo menos aos olhos do meu filho, eu sou um marido carinhoso". PS: Copiei este texto de um blog, onde enfocava sobre o casamento e o divórcio, mas particularmente falando, ele mostra muito mais que a tentativa de resgatar um casamento fracassado, ele mostra A NOBREZA, O AMOR INCONDICIONAL QUE APENAS UMA MÃE pode dispensar. A preocupação, proteção e amor que tem por um filho, maior que sua própria vida. FELIZ DIA DAS MÃES À TODOS VOCÊS! bEIJOS