quarta-feira, 16 de março de 2011

Palavras: escritas ou faladas?

O termo em si já define a ‘possibilidade’ de dois meios, agora resta-nos aprofundar no impacto que podem ou não causar, da falta de expressão que as mesmas traduzem no momento único, singular onde apenas seu criador pode garantir a dinâmica, ou a falta dela, para que os códigos possam ser transmitidos e compreendidos tal qual a síntese da linguagem léxica ou não denuncia. Realmente as palavras são mágicas e quando se unem, tem o poder de trair até mesmo os donos de sua criação coletiva. Os antigos romanos diziam no arcaico latim "scripta manent, verba volant'' referindo-se à superioridade da palavra escrita sobre a falada, mas nunca questionaram o poder da palavra em si. E nem poderiam... Apesar de ter certeza que essa teoria dessa superioridade procede, independente de nossas vontades ou intenções, elas vão mais longe do que nossa pobre imaginação possa esperar alcançar, e muitas vezes como um famoso escritor enfatiza: ‘chegam como punhais’, embora na maioria das vezes fujam totalmente daquilo que é nosso intuito e no que o outro interpretará ao recebê-las. Na Bíblia, no livro de João I, lemos que: ''...no início era o verbo''... novamente a palavra. Mágica, divina, inquestionável e poderosa; tanto para edificar quanto para CONFUNDIR, envenenar ou sublimar... Pois bem, ai depende do contexto existencial de cada um; dos ouvidos que as escutam ou dos olhos que passeiam sobre elas, ou mesmo do momento vivido por cada ser que insidiosamente arrisca sobre ela. Então seu poder evade pelo doce ou amargo dos sentimentos de quem as lê ou recebe. Meigas, conflituosas, consoladoras, poderosas. Se tentássemos refazer nossos minúsculos princípios, ou mesmo aquilo que involuntariamente emitimos ou supomos a respeito do objetivo das pessoas que as elabora ou desabafam suas revoltas, vivências ou idealizações daquilo que acreditam e são seus valores; se deixássemos de ter nossas ‘próprias hipóteses, suposições’ sobre pessoas que mal ou nada conhecemos, do pressuposto que fazemos destes e das palavras em seus inúmeros códigos e motivações, levando em consideração o ‘poder absoluto’ que elas detém, talvez pudéssemos nos parabenizar por não nos limitar em alienações insólitas e vazias de muitas mentes clichês; e mais, nos vangloriar de ter a sorte do poder de criar e recriar, não o poder de traduzir pensamentos dos demais, que como nós, explicitam seus devaneios em seus momentos alheios e distintos; com certeza, na solidão do final de uma noite; quem sabe das situações que muitos simplesmente vivem distintamente (dilemas particulares de todo ser que se arrisca viver e querer ser normal), do tédio que acomete os seres, dos acontecimentos únicos na vida de cada um e onde ‘cada um sabe a dosagem certa de suas dores, suas insatisfações, suas motivações’. Mas ainda assim, com toda sua imponência, são simplesmente palavras; porém, poderosas a ponto de inflar corações de ira, por vezes despertam sentimentos inesperados e distorcidos, tocantes! Mas convenhamos, ninguém escreve algo totalmente inerente à sua essência, seus princípios e
principalmente sobre seus sentimentos que não tenha um fundo de reflexão e verdade; pois estes são fiéis e nos conduzem a aflorá-los, exortá-los (forte, mas é isso mesmo...), DESABAFÁ-LOS, talvez este seja o contexto mais correto... Enfim, antes ilimitarmos o que nos é imposto, nos sufoco ou escraviza e invertarmos e reinventarmos nosso único e exclusivo desejo que é ‘o prazer em escrevê-las’.

By Cris

Nenhum comentário: