segunda-feira, 14 de março de 2011

LÍRISMO X REALISMO

Tipicamente os grandes poetas líricos que conhecemos, especialmente em suas mais conhecidas e ilustres obras, deixa notório a evidência do ‘próprio eu’ do escritor. Tentamos analisar e interpretar o que se passava em suas mentes em determinados momentos de suas tristezas e saudosismos, na busca de sua idealização em estudos imprecisos. Em suma, uma coisa é inegável: o eu sofredor, vítima e infeliz desses poetas; uma única pessoa sendo tão importante a ponto de deixar seus escritos em momentos únicos e indecifráveis a quem mais quer que seja que não fosse seu próprio criador; não obstante o pronome pessoal da mesma primeira pessoa, mas no plural ‘nós’, nunca se faz perceptível, a não ser em se tratando do objeto de sua idealização e desejo do seu amor.
Como uma simples, leiga e amadora da escrita, talvez a melhor definição seja ‘uma simpatizante das letras e seus ‘n ‘significados’, propriamente a curiosidade sobre a fidelidade das palavras quando estas se juntam, confundindo por vezes até mesmo seu(ua) executor(a); observo um certo egocentrismo que destes poetas tão lembrados e heróis ovacionados de nossos antepassados exalam, uma vez que particularmente prefiro escritores mais contemporâneos e reais que se adequaram ao nosso tempo e espaço no qual estamos atualmente inseridos, apesar de tanto stress e tantos escritores enfatizando a peste do século, tentando orientar, confortar os seres que hoje, ao invés desse doloroso sentimento pelo amor, sofrem as espinhosas situações as quais a vida moderna e suas transições nos obriga viver . Mas ao contrário, estes denotam interesses e preocupações coletivas e abrangentes de uma visão crítica do mundo e sua sociedade, das carências, falências e efeitos que causam tanto mal para todos que vivemos na escravidão de um stress, onde somos atraídos pela ambição de uma vida ‘melhor’ (entre aspas) altamente compromissada e simultaneamente mais cobrada. Escritores modernos tem acordado para deixar um pouco de si de lado e através da escrita esclarecer, sugerir, o que podemos guardar ou não para nossas vidas, pois tratam de interesses das misérias humanas em suas vaidades e variedades, em suas indescritíveis áreas e inegáveis situações do cotidiano de todos nós que fazemos parte dessa agitação moderna obsessiva-compulsiva; das insatisfações que se fazem presente na vida de qualquer ser vivente e do caos que tem se instalado como resultado da mesma. Estes não centralizam apenas suas desilusões, crenças ou verdades indissolúveis em lirismos piegas e jurássicos; antes instruem para que possamos ser pensadores de tudo que nos cerca, nos induzem sutilmente, simples e desinteressadamente; nos instigam, senão para colaborar, ao menos para compreendermos e/ou questionarmos nossas próprias verdades, nossos valores enraizados e taxados de corretos e o que estamos absorvendo ou conquistando com nosso aprendizado de vida, com nossas atitudes, e principalmente como convivermos ou transformarmos as nossas, automaticamente aceitarmos ou compreendermos as atitudes dos outros.
Aplausos para Lya Luft e Augusto Cury, uns dos atuais gigantes que admiro e me afino, me identifico totalmente com seus ideais, pois dissertam sobre a vida em si e suas problemáticas; não apenas ‘as suas desilusões e dores próprias’, mas enfatizam temas aos quais se fazem de grande relevância para uma sociedade falida em seus princípios, perdida em sua liberdade desenfreada, stressada pela imposição e questionadora de uma psicologia fracassada. Estes não nos fazem alienar com suas ideias, não trazem prontas as soluções para os infortúnios humanos; estes nos induzem e seduzem para que repensemos o que acontece em nosso interior, em nossa casa, em volta de nós e aquém do que vivemos. Antes nos alertam para questionarmos conceitos prontos, frases de efeito, assim como tantas coisas obscuras com tantas ludibriações e com o poder da mídia, crescem a cada dia; ao mesmo tempo que informa, paradoxalmente emburrece seres inteligentes que se deixam atrair pelo encanto do externo, de influências oportunistas e convenientes, e pior, convincentes, ou seja, um fácil acesso persuasivo a formar seres acéfalos e maleáveis negativamente, cegos de olhos sãos, e estes não percebem a lavagem cerebral que em suas pretensões os torna implacáveis, presunçosos e egocêntricos, assim como na fase literária do lirismo. Nossa realidade necessita urgentemente ser repensada e reformulada; não apenas em prol de acontecimentos e cicatrizes pessoais de nossas vidas, mas como forma de abranger a totalidade do sentido ‘humano’ que todos nos encontramos engajados . Concentrados no bem geral e em bons propósitos, talvez passemos a tentar entender melhor motivações alheias, pois estamos tão envolvidos e preocupados com as nossas próprias, que muitas vezes falamos, pensamos e queremos almejar a solução apenas dos nossos infortúnios; nos esquecemos desse círculo vicioso que se forma através do egoísmo de alguns, preocupados único e exclusivamente na problemática de ‘seu próprio eu’, ignorando carências, dificuldades e injustiças a que todos somos sujeitos. Quando pretendemos debater ou sugerir nossas próprias idéias, devemos estar preparados para não ignorar a possibilidade da incompreensão de muitos, estarmos prontos para ver nossas boas vontades e intenções chafurdando em alguns mares de lama, mas isso nunca deve ser motivo para que nos calemos naquilo que percebemos e gostaríamos de alguma forma colaborar; embora em alguns casos certamente chega um momento em que devemos parar. Ou encaramos a necessidade de arriscar pisar em terrenos razoavelmente firmes, encontrando no meio aqueles arenosos, volúveis, implacáveis; estes com certeza em algum momento de suas vidas perceberão o quão foram negligentes consigo mesmos; ou frustramos nossos sonhos de auxiliar para que bons e nobres sentimentos aflorem numa preocupação universal, ou daqui a pouco não haverá meios para que um futuro melhor seja agregado em uma sociedade que visa tão somente o sucesso, bem estar de seus ‘próprios eus’ individuais, seus dissabores que parecem ser maiores que o das outras pessoas; isentos de preocupações das instituições que estão falindo gradativamente, estas já tão abaladas e propensas a desmoronar a qualquer momento. Que em algum instante, em qualquer clã, tribo ou lugar que estejamos possamos dar espaço para rever os equívocos que cometemos, as injustiças que acarretamos quando nos colocamos como o centro de toda desgraça, nos esquecendo de conjugar fielmente; ‘assim como o pronome eu’; o pronome ‘nós’ para quem sabe fazer alguma diferença.Que comecemos a pensar e principalmente ‘julgar’ as intenções alheias, estas sem nosso conhecimento de causa, partindo do princípio que nem tudo e todos são o que determinamos que sejam, ou agem de acordo com nossas motivações ou imaginações, acautelando-nos ao analisar mãos duplas, porém cada qual com suas distinções e casualidades que podem estar visando o melhor não apenas em prol de si próprio. Derrotado seja todo lirismo fariseu para que passemos a ver a vida com mais bondade e menos malícia! Sejamos mais amenos e inteligentes em nossos julgamentos!
By Cris

Um comentário:

Anônimo disse...

valeu amiga nao acho na net amiga como vc bjinhos mtos