terça-feira, 21 de dezembro de 2010

Felicidade, angústia ou decisão?

NATAL... Ano acabando, planos sendo elaborados, esperanças aflorando... Deveria ser assim, mas nunca me vejo tão otimista assim nessa época (mesmo que eu não tenha motivos algum para isso... Ou será que tenho ou todos nós deveríamos ter???)
Comigo funciona assim: se estou feliz: escrevo, se estou triste: escrevo, se estou perplexa: escrevo... E por ai vai... Embora na maioria das vezes minhas abordagens sejam nada profundas no que tange a particularidade que envolve meu ser, essa época do ano me parece propícia para adentrar no âmago do mesmo, na mais intima motivação ou a falta dela para definir aquilo que realmente sinto e gostaria de expressar.
Mas parece que as palavras, os vocábulos desapareceram misteriosamente! Até porque uma mesma palavra tem significados diferentes de acordo com o texto ou discurso em que esta figura, tal qual a enorme diferença entre imaginar uma situação ou passar por ela, vivê-la literalmente. Pode ser que hoje eu não consiga ser tão clara e possa transferir algo deturpado, distorcido daquilo que realmente me preocupo; meu verdadeiro intuito, e isso é crucial, pois precisamos nos desdobrar no contexto do qual realmente faz parte ou ao menos escutar e ser sabedor(a) verdadeiro de quem escreve ou profere, senão corremos o risco de incompreender, ou analisar simplesmente com nossos próprios códigos aos quais criamos diante de nossos momentos e necessidades, ou seja, à nossa própria maneira e escravidão de nossos próprios sentimentos. É o ensinamento básico que Freud enfatiza em seus escritos para justificar a psicanálise, claro, se isso já não estivéssemos carecas de saber.
Tá... Mas vamos para o jornal inédito que o momento pede.
Não sei por que, esta é uma data onde todos deveriam estar eufóricos, entusiasmados e cheios de expectativas para a passagem do natal; as festas, as ceias, a comunhão, a união das famílias; a aposta no ano vindouro... Mas particularmente sempre fora uma época em que fico deprimida, me invade uma dor no peito e uma angústia, sentimentos os quais não sei as origens... Não sei se por causa da falta de muitas pessoas amadas que se foram e sempre nessa época são mais lembradas; ou se pela reflexão a qual me perco em questionamentos ainda que vagos e sem respostas contundentes, discordar e sofrer; sei que é algo inerente às minhas possibilidades. Talvez pelo parâmetro que faço entre as linhas que se dividem: de um lado famílias inteiras ou comunidades que se reúnem para festejar a bonança de presentes, carinhos, votos de bons presságios, e principalmente a partilha de tantos pratos e degustação dos mesmos, enquanto do outro lado, pais com seus filhos, principalmente as crianças, que sequer tem um prato de comida para saciar a fome, não apenas neste dia, nesta data; mas em todos os dias na luta por uma sobrevivência injusta e sobre humana.
O pouco que posso fazer com certeza tento e faço. Mas é simplesmente uma gota num oceano imenso que necessita urgentemente de mais dignidade e mais adeptos que infelizmente são poucos; muito trabalho e poucos arados e trabalhadores. A grande maioria não se dispõe a se preocupar e pensar como um problema homogêneo do qual todos indistintamente fazemos parte e também somos responsáveis. Poucos sentem essa necessidade urgente a ser desenvolvida, pois isso implica que deixemos, mesmo que momentaneamente, de focar nossos problemas, que geralmente pensamos ser os maiores; para nos dedicar àqueles que muitas vezes tão simplesmente esperam um carinho, uma atenção, quem sabe penas um abraço, uma cesta básica para que seu natal seja diferente dos demais, mais feliz e promissor; ou talvez porque a maioria das pessoas em suas conveniências se dedicam mais com as pessoas que não necessitam, antes podem proporcionar algo depois como troca, barganha.
Vivemos reclamando de tudo, de coisas tão banais, ou que parecem grandes e se coisificam diante de necessidades básicas às quais muitos convivem uma vida inteira, desde que se projetaram nesse mundo tão desigual e cruel; coisas essenciais às quais nunca se concretizam. Agigantamos nossos dilemas e nos esquecemos que são ínfimos diante dessa sociedade egoísta, desigual onde cada um joga com o que tem e dá valor tão somente e simplesmente para seus próprios anseios e desejos, por mais insignificantes que sejam; jogam apenas em suas próprias causas e se esquecem que somos um todo. Quantos não gostariam de ter nossas vidas, de estar em nossos lugares? Por maiores que sejam nossos sofrimentos ou problemas, tenho certeza que se olharmos ao lado, até mesmo para um vizinho, descobriremos que não temos o que reclamar; apenas a agradecer. Antes darmos as mãos para fazer a felicidade de alguma criança, pessoa ou família, pois já estaremos colaborando. Se todos adotassem uma causa assim, quem sabe essa data seria uma comemoração para todos, em grande ou simples estilo, pois por mais pequena que seja nossa doação, pode ser a maior e mais valiosa na vida de muitos, o que importa é mostrar para alguém desesperançado sua importância.
O desejo de mudar o dia, um momento de alguém, nasce espontaneamente no desejo de se fazer o bem, mas só darão frutos se estes forem verdadeiramente cultivados. Vamos acordar? Faça também a sua parte e não espere apenas o fim de ano, o natal ou qualquer recompensa para DOAR O MELHOR DE VOCÊ! Que seja apenas um abraço...
Feliz Natal à todos e um próximo ano com muito amor, saúde e paz!
By Cris

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